Dieta baseada no Paleolítico é panaceia da vez contra obesidade.

   
 



Coma apenas o que você poderia caçar, matar, colher ou tirar da terra, como um homem das cavernas.

Esse é o primeiro mandamento do regime proposto pelo economista americano Arthur De Vany no livro "The New Evolution Diet", lançado nos EUA. A obra chega ao Brasil em maio, editada pela Larousse, ainda sem título.

Trogloditas modernos pregam cardápio de Fred Flinstone e atividade física de caçador para emagrecer e evitar doenças

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Há pelo menos duas décadas, De Vany, que leciona na Universidade da Califórnia, segue cardápio semelhante ao de 40 mil anos atrás: muita carne, frutas e vegetais.

Não é o único. A dieta paleolítica --uma referência ao período pré-histórico-- é pouco conhecida no Brasil, mas não é novidade na Europa e nos EUA.

O argumento principal dos seus defensores é que o DNA humano não está adaptado para comer alimentos industrializados e cereais.

"Vivemos mais tempo que no Paleolítico, mas passamos a maior parte da vida doentes. Doenças crônicas, como diabetes e obesidade, podem ser evitadas com a dieta correta", disse De Vany à Folha.

O cardápio ideal, na visão dele, é aquele praticado 500 gerações atrás.

Faz coro com ele o pesquisador português Pedro Carrera Bastos, da Universidade de Lund, Suécia. "As necessidades dietéticas são determinadas geneticamente. As alterações ambientais, sociais e culturais dos últimos 10.000 anos são recentes numa escala evolucionista."

Segundo Lund, 70% das calorias ingeridas hoje pelos norte-americanos são de alimentos que não existiam em sociedades tradicionais.

Loren Cordain, pesquisador em ciências da saúde da Universidade do Colorado (EUA), é um dos maiores defensores da dieta.

Em 2002, lançou o livro "The Paleo Diet", com receitas para "perder peso e ganhar saúde". "Não inventei essa dieta, ela está inscrita nos seus genes", diz, no começo do livro. Quer argumento melhor?

A paleodieta tem preceitos polêmicos. Além de desconstruir a pirâmide alimentar tradicional, os seguidores recomendam alternar períodos de jejum com refeições fartas (sem contar calorias).

Café da manhã: restos de rosbife grelhado e algumas uvas ou blueberry (à esquerda); almoço: salada caseira de ovos com um toque de maionese, alface romana com fatias de cebola roxa, azeitonas pretas e verdes e molho tipo italiano feito em casa, e alguns pedaços de melão (ao centro); jantar: costela de porco assada (à direita)

Café da manhã: restos de rosbife grelhado e algumas uvas ou blueberry (à esquerda); almoço: salada caseira de ovos com um toque de maionese, alface romana com fatias de cebola roxa, azeitonas pretas e verdes e molho tipo italiano feito em casa, e alguns pedaços de melão (ao centro); jantar: costela de porco assada (à direita)

Carboidratos? Só de frutas. Cereais são totalmente proibidos, mesmo os integrais, principalmente soja e trigo.

"Todos os cereais têm antinutrientes (como lectinas), que podem ter efeitos adversos, em especial quando a ingestão é elevada", diz Bastos.

Nutricionistas e nutrólogos discordam, assim como as organizações internacionais de saúde.

Para os defensores da paleodieta, os padrões de nutrição é que estão errados.

"É algo a se considerar. Talvez sigamos um modelo errado. Temos recomendações internacionais do que seria uma dieta saudável e, mesmo assim, não revertemos a obesidade e as doenças crônicas", pondera a nutricionista Helena Alves Sampaio, professora da Universidade Federal do Ceará.

Ela coordenou uma revisão de estudos sobre paleodieta e prevenção de doenças cardiovasculares. "Ainda faltam pesquisas comparativas. Alguns trabalhos mostram que diminuir carboidratos e laticínios é benéfico contra aterosclerose."

Diminuir pode até ser, mas cortar açúcares e cereais faz muito mal, segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, da Abeso (associação para estudo da obesidade).

CÉREBRO AFETADO

"A deficiência de carboidrato pode alterar o funcionamento cerebral. O cérebro se alimenta primeiramente de carboidratos. Duvido de qualquer dieta que deixe de fora algum grupo alimentar."

Para o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (associação de nutrologia), o maior problema é pular refeições com a justificativa de que isso estimula o gasto energético. "Nenhum trabalho científico comprovou que ficar sem comer faz bem, pelo contrário."

Segundo Halpern, aconteceram, sim adaptações genéticas, explicadas por mudanças na forma como os genes se manifestam, mas que não envolvem alteração no DNA.

"Não há dúvida de que os genes eram muito parecidos, mas quando o homem passou a tomar leite, nosso organismo começou a produzir a lactase, enzima para digerir. Um exemplo de adaptação."

ACERTOS DE CONTAS

Não há só erros na dieta paleolítica. "Sempre falamos que comer alimentos naturais faz bem e que é preciso evitar industrializados", diz a nutricionista Camila Torreglosa, do HCor.

Para o nutrólogo Ribas Filho, só o fato de a pessoa se preocupar com o que come já faz com que sua dieta melhore. "Não é só a dieta, é preciso ter um estilo de vida compatível, com atividade física."

A paleodieta recomenda atividades físicas intensas alternadas com fases de ócio. De Vany critica movimentos repetitivos das academias.

O fato é que comendo pouco e se exercitando bastante é difícil não ter resultados.

"Qualquer dieta de restrição calórica com exercícios físicos faz perder peso. E qualquer perda de peso já diminui o risco de doenças crônicas", acrescenta Halpern.
Fonte: FOLHA ON LINE



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