PSORÍASE


   A prevalência da Psoríase, na Europa, é de 1,5% a 2% da população, nos Estados Unidos é de 0,5% a 1,5%. A doença é rara em negros, índios e amarelos,  e inexiste entre esquimós. A Psoríase desenvolve-se com maior freqüência entre 20 e 40 anos. Entretanto, a doença é mais grave quando surge em crianças e isso ocorre em sua forma denominada de Psoríase Familial, que acomete a pessoa desde criança. Essa forma familial está intimamente associada à problemas imunológicos, tal como complexo de histocompatibilidade nas moléculas W 6, DR7, B1 e B57. A forma não familial se desenvolve mais tarde.

   Muito provavelmente, a questão emocional atua como um importante fator desencadeante da Psoríase em pessoas com uma certa predisposição genética para a doença. Fala-se em componente genético porque cerca de 30% das pessoas que têm Psoríase, também têm familiares acometidos por ela. A Psoríase não é uma doença contagiosa e não há necessidade de evitar o contato físico com outras pessoas.

   N. Ortonne e colaboradores, patologistas do Hospital Saint Louis (Paris), afirmam que a Psoríase é uma dermatose inflamatória resultante de um equilíbrio epidérmico anormal, caracterizada pela proliferação exagerada e diferenciação anormal dos queratinócitos (células da epiderme responsáveis pela queratina), e também por uma ativação anormal do sistema imunológico. Na opinião desses pesquisadores, trata-se de uma dermatose de causas multifatoriais, implicando inclusive em mecanismos patogênicos hereditários, emocionais e ambientais.

    Um grande número de fatores desencadeantes ou agravantes da Psoríase têm sido identificados em pacientes predispostos geneticamente. Entre esses fatores se incluem as infecções estreptocócicas e virais, o estresse, outros fatores emocionais, alcoolismo e fumo.

Formas Clínicas

    A Psoríase pode se manifestar de várias maneiras e graus. Ela se apresenta desde sob a forma de mínimas lesões até uma forma mais severa, chamada de Psoríase Eritrodérmica, onde a pele de todo corpo pode estar comprometida.

   Entretanto, a forma mais freqüente de apresentação é a Psoríase em placas, caracterizada pelo surgimento de lesões na pele de cor avermelhada e descamativas bem delimitadas e de evolução crônica. Essas escamas geralmente são esbranquiçadas e localizadas mais freqüentemente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco. As lesões de Psoríase geralmente não têm sintomas, mas pode haver discreta coceira no local. Quando as placas regridem, costumam deixar uma área de pele mais clara no local afetado.

   Sendo a Psoríase uma doença de natureza crônica, é comum ocorrerem fases de melhora e de piora, possivelmente oscilando ao sabor das oscilações emocionais. Outra característica importante é o chamado fenômeno de Koebner, caracterizado pela formação de lesões lineares em áreas de trauma cutâneo, como arranhões.

   Apresentações menos comuns são; a Psoríase Ungueal, com lesões apenas nas unhas, a Psoríase Pustulosa, com formação de pústulas principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés, e a Artrite Psoriásica que se caracteriza por inflamação articular que pode causar até a destruição total da articulação, normalmente afetando os dedos das mãos. Os graus de severidade da Psoríase são divididos em leve, moderada e grave sendo um dos mais graves a chamada Psoríase Inversa, onde as lesões são planas, inflamadas, atingindo grandes áreas.

    Outra forma de apresentação é a Psoríase Gutata, com surgimento eruptivo de pequenas lesões circulares (em gotas), freqüentemente associada com infecções de garganta.

   O diagnóstico da Psoríase é geralmente clínico, mas pode ser confirmado por uma biópsia, a qual revela sempre um quadro bem característico.

O Ciclo da Psoríase

    Nossa pele está em continua renovação, substituindo as células mortas por vivas. Nessa renovação (crescimento) normal da pele, as células são criadas numa camada mais profunda (basal), e então se movem para cima, através da epiderme, até o chamado estrato córneo, que é a última camada da pele.

   As células que vão morrendo, por sua vez, são eliminadas através desse estrato córneo, mantendo o equilíbrio. Esse processo normal de renovação leva aproximadamente 28 dias, do nascimento das células até sua morte.

   Quando a pele é ferida, entre em ação uma outra atividade, diferente da renovação normal. Trata-se da cicatrização. Nesse caso as células são produzidas numa velocidade maior. Na cicatrização há ainda um aumento da irrigação sanguínea na área afetada e um processo de inflamação no local.

   Patologicamente e de alguma forma, a pele com Psoríase é muito parecida com a pele em cicatrização, com a pele portadora de alguma infecção ou mesmo com a pele da reação alérgica.

   As lesões da Psoríase se caracterizam por um crescimento celular anômalo e, embora não haja nenhuma ferida a ser cicatrizada, as células da pele chamadas queratócitos se comportam como se houvesse alguma lesão a ser reparada. Estes queratócitos alteram a multiplicação celular normal para um modelo como se fosse de regeneração. Assim sendo, muitas células da pele são desnecessariamente criadas e empurradas para a superfície num prazo curto de 2 a 4 dias. Esse excesso de células se acumula e começam a descamar formando as lesões típicas da Psoríase.

   Resumindo, as escamas em placas que cobrem as lesões da Psoríase são compostas de células mortas, e a vermelhidão das lesões é causado pelo aumento da irrigação sanguínea nesse local para favorecer, indevidamente, o crescimento rápido de novas células.

Tratamento

    A Psoríase pode deixar pessoas com limitações físicas devido a artrite, pode desfigurar, devido as lesões na pele, enfim, pode proporcionar grande frustração, ansiedade e depressão. Há casos mais graves com importante diminuição da auto-estima e completo isolamento social conseqüente.

   Vários tipos de alívios temporários estão disponíveis, e eles atuam com variados graus de sucesso. A Psoríase não tem um curso previsível e cada caso tem o seu próprio curso. Uma coisa é certa, os sintomas podem ir e vir, tornando-a uma doença para a vida toda. Mas o paciente pode aprender a conviver adequadamente com a doença, aprender a controlá-la e levar vida praticamente normal.

   O tratamento da Psoríase vai desde o simples uso de medicações tópicas para os casos mais leves, até tratamentos mais complexos para os casos mais graves. A resposta ao tratamento varia de um paciente para outro e o componente emocional nunca deve ser menosprezado.

   Uma vida saudável, evitando-se o estresse vai colaborar para a melhora, assim como, será fundamental, o tratamento de estados emocionais que estejam comprometendo a saúde, principalmente os estados ansisos e os depressivos. A exposição solar moderada é de grande ajuda e manter a pele bem hidratada também auxilia o tratamento. Embora não exista uma forma definitiva para se acabar com a Psoríase, é perfeitamente possível conseguir a remissão total da doença, praticamente como se fosse uma cura clínica.

Dr. Luciano Stancka e Silva, Médico



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