ESTRESSE E SISTEMA IMUNOLÓGICO



    O conceito original de estresse foi apresentado antes (1936), pelo pesquisador canadense de origem francesa Hans Selye, a partir de experimentos em que animais eram submetidos a situações agressivas diversas (estímulos estressores), e cujos organismos respondiam sempre de forma regular e específica.

    Selye descreveu toda ocorrência do estresse sob o nome de Síndrome Geral de Adaptação, com três fases sucessivas: alarme, resistência e esgotamento. Após a fase de esgotamento, observava o surgimento de algumas doenças, tais como a úlcera péptica, a hipertensão arterial, artrites e lesões miocárdicas.

    Como dissemos inúmeras vezes, mais importantes que os estímulos objetivamente tidos como estressores, são os estímulos estressores avaliados e julgados como tais pelas diferentes pessoas. Existe uma sensibilidade (afetiva) pessoal e particular em cada um de nós, constituindo um conjunto de mecanismos dos quais o organismo lança mão em reação aos agentes particularmente tidos como estressores, caracterizando a forma como cada pessoa avalia e lida com estas situações.

    Essa sensibilidade pessoal à realidade explica por que avaliamos desta ou daquela forma as situações tidas como desafiadoras, enfrentando-as ou não, e reagindo à elas de maneiras particulares e muito pessoais, "permitindo" assim, que elas exerçam maior ou menor repercussão sobre o organismo.

Fisiologia da resposta ao Estresse


O Sistema Neuro-Endócrino-Imunológico


    Entre 1970 e 1990, foram muito expressivos os experimentos de laboratório que tentavam comprovar a relação entre Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Imunológico. Nessas duas décadas chegou-se a constatar o despovoamento celular do timo em ratos, através da indução de lesões no hipotálamo. Também ficoui demonstrado que lesões destrutivas no hipotálamo dorsal levavam à supressão da resposta de anticorpos. Isso tudo sugeria, que o hipotálamo seria uma espécie de base de integração entre os sistemas nervoso e imunológico na resposta ao estresse (Mauro Diniz Moreira, Julio de Melo Filho, Psicossomática Hoje, Artes Médicas).

  A partir de 1990, constata-se também que alterações ocorridas na hipófise também poderiam determinar modificações imunológicas, visto que a extirpação dessa glândula ou mesmo seu bloqueio farmacológico impedia a resposta imunológico no animal de laboratório (Khansari D N, Effects of stress on the immune system - Immunol. Today, v.11, no. 5, p.170, 1990).

    A resposta imune ao estresse se dá através de uma ação conjunta entre o sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunológico. Por excesso de intensidade ou duração do estresse pode surgir alguma doença atrelada a qualquer desses sistemas.

Experiências, Estresse e Imunologia

    Uma alteração precoce que se observa durante o estresse é o aumento nos níveis dos hormônios corticoesteróides (cortisona), secretados pelas supra-renais. Parece que estes níveis acham-se em proporção inversa à eficácia dos mecanismos de adaptação, ou seja, nos casos com mecanismos adaptativos adequados, os níveis não são muito elevados mas, no caso de pessoas deprimidas, portanto, com severas dificuldades adaptativas, esses níveis são maiores.

    A glândula supra-renal parece ter um desempenho mais ou menos seletivo no estresse. Em estados de agressão, enquanto a córtex secreta cortisona, a medula da glândula também participa, liberando norepinefrina (noradrenalina). Nas situações estressoras de tensão e ansiedade, a liberação medular privilegia a epinefrina (adrenalina).

    Mello Filho reviu experimento de 1976, onde pôde constatar em macacos submetidos a estresse um aumento dos níveis de 17 hidroxicorticóides, catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), hormônio estimulador da tireóide e hormônio do crescimento, enquanto se observava um decréscimo dos hormônios sexuais, invertendo-se essa situação à medida que o animal se recuperava (Psicossomática Hoje, Artes Médicas).

     As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) afetam as reações imunológicas, seja por reação fisiológica, como por exemplo a contração do baço, seja por estímulo celular através de receptores específicos (adrenérgicos), na membrana celular. O certo é que o aumento das catecolaminas inibe as respostas de anticorpos.

    E as catecolaminas podem ter sua liberação condicionada à fatores neuro-psicológicos. Num estudo clássico, desenvolvia-se experimentalmente a supressão da função imunológica pelo uso de imunossupressor (ciclofosfamida), associado a uma bebida contendo substância de gosto muito particular e forte (sacarina). Essa supressão podia repetir-se quando era administrada apenas a bebida com sacarina, caracterizando portanto uma supressão imunológica através de condicionamento biológico, já que a sacarina não é imunosupressora.

Portanto, como vimos até agora, as células do sistema imunológico encontram-se sob uma complexa rede de influência dos sistemas nervoso e endócrino. Seus mediadores (neurotransmissores e hormônios diversos) atuam sinergicamente com outros produtos linfocitários, de macrófagos e moléculas de produtos inflamatórios, na regulação de suas ações.

    Experiências dessa natureza sugerem grande variedade de hipóteses sobre a influência das emoções na imunidade. Será a crença no remédio tão importante quanto o próprio remédio? Será que isso ajuda a explicar o efeito dos placebos e da medicina alternativa? Seriam, essas hipóteses, capazes de estabelecer relações entre os estados de ânimo positivos e o aumento da sobrevida de pacientes portadores de AIDS, ou de câncer?

   O sistema imunológico, portanto, parece explicar as interações entre os fenômenos psicossociais aos quais as pessoas estão submetidas e importantíssimas áreas de patologia humana como, por exemplo, as doenças de auto-imunes (auto-agressão), infecciosas, neoplásicas e São centenas de experimentos que atestam a expressiva influência das emoções no Sistema Imunológico. Vamos relacionar, na tabela abaixo, apenas poucos trabalhos experimentais sobre imunidade e transtorno emocional, alguns referidos por Melo Filho e outros mais recentes.




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