Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e Doença de Parkinson

Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) como tratamento complementar da Doença de Parkinson

Histórico da Doença de Parkinson

No ano de 1817, um médico inglês chamado James Parkinson, membro do Colégio Real de Cirurgiões, publicou sua principal obra: Um ensaio sobre a paralisia agitante, no qual descreveu os principais sintomas de uma doença que futuramente viria a ser chamada pelo seu nome – Doença de Parkinson.

No meados do século XIX Charcot, neurologista francês, médico pioneiro da neurologia moderna, também, desempenhou um papel decisivo na descrição da doença, descrevendo a rigidez e a disartria (incapacidade de articular palavras de maneira correta), e discordando de Parkinson quanto a presença de paralisia. Foi também o responsável pela introdução do primeiro medicamento eficaz (anticolinérgicas derivadas da beladona).

O que é doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) ou Mal de Parkinson, é uma doença degenerativa, crônica e progressiva, que acomete em geral pessoas idosas, mas também pode estar presente em jovens com características mais agressivas.

Ela ocorre pela perda de neurônios do Sistema Nervoso Central em uma região conhecida como substância negra. Os neurônios dessa região sintetizam o neurotransmissor dopamina, cuja diminuição nessa área provoca sintomas principalmente motores como por tremor, rigidez muscular, diminuição da velocidade dos movimentos e distúrbios do equilíbrio e da marcha. Entretanto, também podem ocorrer outros sintomas, como depressão, alterações do sono, diminuição da memória e distúrbios do sistema nervoso autônomo. 

Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) na Doença de Parkinson

A maioria dos medicamentos atuais agem em torno da liberação dopaminérgica, aumentando sua ação e diminuindo o déficit de dopamina existente na doença de Parkisnon. O problema está nos efeitos colaterais da medicação. Estudos mostram que  50% do pacientes  após cerca de cinco anos de tratamento têm complicações motoras como movimentos involuntários, rigidez, tremor e não motores como depressão. Neste contexto a Estimulação Magnética Transcraniana pode ser um tratamento complementar útil no tratamento da Doença de Parkinson, pois pode ajudar na melhora da rigidez, discinesias e depressão.

A  doença de Parkinson ocorre porque há uma diminuição progressiva dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina em uma região cerebral conhecida como estriatum. Estudos demonstraram que a Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva (EMT) na área cerebral do córtex pré-frontal assim como a do córtex motor primário tiverem a capacidade de aumentar a dopamina na região do estriatum comprovando que a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT)  tem a capacidade de aumentar  os neurotransmissores cerebrais endógenos.

Como funciona o tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) na Doença de Parkinson

O tratamento com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) visa através de uma bobina  criar um campo magnético para estimular camadas corticais mais profundas , com o objectivo de estimular a neuroplasticidade, que pode ser descrita como o desenvolvimento e ligação de novas células neuronais.

A grande vantagem da Estimulação Magnética Transcranaina (EMT) são os efeitos colaterais mínimos além de ser um tratamento não invasivo diferente da cirurgia, porém a aplicação da Estimulação Magnética Transcraniana na doença de Parkisnon deve ser um procedimento coordenado por médico de preferência neurologista com experiência em doença de Parkinson.

Existem vários estudos sobre Estimulação Magnética Transcraniana e Doença de Parkinson que demonstram que a frequência da Estimulação (alta ou baixa ) deve ser ajustado dependendo da manifestação clínica predominante da doença de Parkinson ( discinesia x rigidez)

Um estudo feito nos Estados Unidos, na Universidade de Columbia, com 19 pacientes com Doença de Parkinson com doença assimétrica, foi dividido em dois protocolos de tratamento: um grupo recebeu estimulação de baixa frequência (1 Hz) sobre o córtex motor, juntamente com estimulação de alta frequência (10 Hz) sobre o córtex pré-frontal. O outro grupo recebeu estimulação de baixa frequência apenas sobre o córtex motor. Todos os pacientes tiveram 12 sessões de tratamento num período de 30 dias. As medições dos resultados foram recolhidas aos  1º, 10º, 30º e 60º dias . 

O primeiro grupo conseguiu melhorar consideravelmente o seu desempenho motor total, verificada pela pontuação para desempenho motor na classificação UPDRS (Escala de Avaliação Unificada da Doença de Parkinson). Os pacientes mostraram também melhoria do desempenho motor do lado mais afectado, refletindo por uma diminuição da classificação na UPDRS e pelos melhores resultados dos batimentos com o pé no chão e do teste de destreza manual. O efeito benéfico da estimulação ainda podia ser observado 60 dias mais tarde. Os participantes do grupo 2 mostraram uma melhoria mais sutil, que foi evidente apenas ao 30º dia. Todos os participantes toleraram bem o tratamento.

Alguns autores aplicaram a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) em grupo de pacientes com resultados variados dependendo da intensidade, frequência e local da aplicação. Pascual-Leone et al. (1994) realizaram o primeiro estudo com Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) em pacientes com Doença de Parkinson. Os autores reportaram uma melhora do tempo de reação motora (melhora da acinesia) em pacientes com Doença de Parkinson após aplicação de Estimulação Magnética Transcraniana com freqüência de 5 Hz no córtex motor (direito e esquerdo) (Pascual-Leone et al., 1994a; Pascual-Leone et al., 1994b).

Para obtenção dos benefícios motores o protocolo bilateral (estimulo em ambos os lados) feito em baixa frequência (0,5 HZ) tem demonstrado melhores efeitos com melhora da marcha e das discinesias (movimentos rápidos anormais) . Trazendo mais independência e melhora da qualidade de vida daqueles que sofrem com a evolução tardia da doença de Parkinson. 



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