Hipnose Clinica
Hipnose é um estado mental ou um tipo de comportamento usualmente induzidos por um procedimento conhecido como indução hipnótica, o qual é geralmente composto de uma série de instruções preliminares e sugestões. O uso da hipnose com propósitos terapêuticos é conhecido como "hipnoterapia".
Contudo, talvez a definição mais objetiva possível de hipnose seria a seguinte: alguém comanda (o hipnotista) e alguém obedece (o hipnotizado), geralmente de modo extremo ou pouco comum.
As pessoas que são hipnotizadas costumam relatar alterações de consciência, anestesia, analgesia, obedecendo e realizando os atos mais variados e extremos sob este estado.
O termo "hipnose" (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido. (Hipnos era também o nome do deus grego do sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu nos usos científico e popular.
Contudo, deve ficar claro que hipnose não é uma espécie ou forma de sono. Os dois estados de consciência são claramente distintos e a tecnologia moderna pode comprová-lo de inúmeras formas, inclusive pelos achados eletroencefalográficos de ambos, que mostram ondas cerebrais de formas, frequências e padrões distintos para cada caso. O estado hipnótico é também chamado transe hipnótico.
É um conjunto de técnicas psicológicas e fisiológicas usadas para a modificação gradual da atenção. Durante este processo, o grau de suscetibilidade à hipnose é medido pela capacidade dos pacientes em desconectar sua consciência do mundo exterior e se concentrar em experiências sugeridas pelo hipnólogo. Quanto maior for essa capacidade, maior serão as possibilidade do paciente desenvolver fenômenos hipnóticos sugeridos, dentre os quais podemos destacar: amnésia total ou parcial da experiência hipnótica, anestesia, modificação da percepção, alucinações, crises histéricas, aguçamento da memória, modificação nas respostas fisiológicas, entre outros.
Hipnose, no sentido de transe ou estado hipnótico, pode ser auto-induzida ou alter-induzida.
Hipnose auto-induzida, também chamada de auto-hipnose, consiste na aplicação das sugestões hipnóticas em si mesmo.
Hipnose alter-induzida pode, por analogia, ser chamada alter-hipnose — embora esta não seja expressão de uso corrente — e consiste na aplicação de sugestões hipnóticas por outra (latim alter = outro) pessoa (o hipnotizador) num aquiescente (hipnotizado, paciente).
Alguns especialistas afirmam que toda hipnose é, afinal, auto-hipnose, pelo fato de depender precisamente da aquiescência ou consentimento (num dado grau ou nível, ainda que incipiente) daquele que deseja ou, pelo menos, concorda com ser hipnotizado.
Na maioria dos indivíduos, é possível induzi-la com métodos e técnicas diversos.
Quando um hipnotizador induz um transe hipnótico, estabelece uma relação ou comunicação muito estreita com o hipnotizado. Isso, de fato, é essencial para o sucesso da hipnose.
Hipnose muitas vezes é empregada em tratamentos psicológicos e médicos (e/ou psiquiátricos). Quando em uso por psicólogos e médicos — sendo o paciente submetido à hipnose, para o desejado fim terapêutico — fala-se apropriadamente em hipnose terapêutica (hipnoterapia).
Com efeito, é possível tratar alguns problemas de comportamento, como o tabagismo, as disfunções alimentares (como anorexia, bulimia, desnutrição e obesidade), bem como a insônia, entre tantos problemas, com o uso adequado e competentemente supervisionado da hipnose — a hipnoterapia.
Se é o terapeuta que se acha em estado ou transe hipnótico (usualmente auto-induzido, conquanto possa ser também alter-induzido) — e, nesse estado hipnótico, prescreve tratamento para a cura de doenças ao paciente em estado não-hipnótico, emprega-se o termo hipniatria, sendo que o terapeuta, neste caso, passa a ser chamado de hipniatra.
Algumas vezes, usa-se hipnose apenas com propósitos de apresentação circense ou assemelhada, conhecida como "hipnose de palco". Ao contrário do que algumas pessoas ignorantes pensam, muito raramente há charlatanismo, pois tal seria mais difícil de realizar que o show honesto.
É frequentemente referido na literatura especializada, não ser possível o seu uso com propósitos antiéticos, visando obter de alguém (hipnotizado) alguma vantagem ou subserviência para fins escusos. Nesse ponto todos os hipnólogos estão de acordo, pelo que já nem é tema de discussão técnica.
Atualmente a versão mais abrangente da hipnose é a escola da hipnose ericksoniana também é conhecida como hipnose moderna, pelo motivo de utilização do método conversacional ou simplesmente o uso coloquial das palavras. Em uma conversa tradicional ou em uma narração de histórias a pessoa é levada a um estado alterado de consciência, facilitando o entendimento, processamento e interação inconscientes.
Histórico da hipnose
Franz Anton Mesmer
Franz Anton Mesmer (1734–1815) acreditava que existia uma forma magnética ou "fluido" universal que influenciava a saúde do corpo humano. 1 A saúde e a doença seriam frutos de desequilíbrios deste fluido universal. 2 Ele fez experiências com ímãs para alterar este campo, e portanto, realizar curas. Por volta de 1774, ele concluiu que os mesmos efeitos poderiam ser criados com movimentos das mãos, a uma distância, na frente do corpo do paciente, conhecido como fazer "passes mesméricos". A palavra mesmerizar se origina do nome de Franz Mesmer, e foi intencionalmente utilizada para separar seus utilizadores dos vários "fluidos" e teorias "magnéticas" que eram utilizadas dentro da denominação "magnetismo".
Em 1780, a pedido do rei francês Luis XVI, uma Comissão de Inquérito iniciou investigações para confirmar se existia mesmo um Magnetismo Animal. Entre os membros da comissão estavam o pai da química moderna Antoine Lavoisier, o cientista Benjamin Franklin e um especialista em controle da dor Joseph-Ignace Guillotin. 3 Mesmer conseguia resultados espetaculares em muitos casos nos quais os médicos convencionais não conseguiam ajudar. Este fato já havia enfurecido a comunidade médica que o forçou, nesta época, a sair de Viena para Paris. Quando nenhuma evidência científica foi encontrada para explicar essas curas, elas foram proibidas. 4
O mesmerismo permitia induzir a estados alterados de consciência e era possível até mesmo realizar cirurgias sob anestesia hipnótica por esse método. Em Londres foi fundado o "Mesmeric Hospital", por John Elliotson, discípulo de Mesmer
James Braid
James Braid (1795-1860), iniciou a hipnose científica. Cunhou, em 1842, o termo hipnotismo (do grego hipnos = sono), para significar o procedimento de indução ao estado hipnótico. Hipnose, hipnotismo, ficou logo claro, eram termos inadequados (não se dorme durante o processo). O uso, porém, já os havia consagrado e não mais se conseguiu modificá-los, remanescendo até a atualidade.
James Esdaile
James Esdaile (1808-1868), utilizou, como cirurgião, a anestesia hipnótica (hipnoanalgesia) para realizar aproximadamente 3.000 (três mil) cirurgias sem a necessidade de anestésicos químicos. Nestas estão incluídas até mesmo extração de apêndice entre outros procedimentos de grande vulto. Todas as cirurgias estão devidamente catalogadas. Talvez o método de Esdaile não tenha tido maior projeção científica porque, à mesma época, foram descobertos os anestésicos químicos (éter, clorofórmio e óxido nitroso) que passaram a fazer parte dos procedimentos médicos da nobreza europeia. Curioso é saber que os anestésicos químicos mataram muito mais pessoas que se imagina, dada à ignorância das reações ao procedimento. Tal nunca ocorreu com a hipnose.
Ivan Pavlov
Ivan Pavlov (1849-1936), famoso neurofisiologista russo, conhecido por suas pesquisas sobre o comportamento, que foram o ponto de partida para o behaviorismo e o advento da psicologia científica do comportamento; estudou os efeitos da hipnose sobre o córtex cerebral e a indicação terapêutica deste tipo de intervenção.
Jean Charcot
Jean Charcot (1825-1893), conhecido médico da escola de Salpetriére (França), professor de Freud, estudou os efeitos da hipnose em pacientes histéricos. Charcot afirmava que apenas histéricos eram hipnotizáveis, mas outros médicos contemporâneos constataram que a hipnose é parte do funcionamento normal do cérebro de qualquer pessoa. Muitos dos erros cometidos por Charcot (e repetidos por Freud) levaram a crer na ineficácia da hipnose, o que foi rebatido anos depois.
Sigmund Freud
Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista, nascido na Morávia (atual República Tcheca), autor da maior literatura acerca do inconsciente humano, fundador da psicanálise, aplicou a hipnose profunda no começo de sua carreira e acabou por abandoná-la, pois, ele a utilizava para a obtenção de memórias reprimidas (Freud não sabia que nem todas as pessoas são suscetíveis à hipnose profunda facilmente).
Dave Elman
Apesar de Dave Elman (1900–1967) ser conhecido primeiramente como um notório locutor de rádio, comediante e compositor musical, ele também ficou famoso no campo da Hipnose. Ele lecionou vários cursos para médicos e escreveu, em 1964, o livro: “Findings in Hypnosis” (Descobertas na Hipnose)5 , que depois foi denominado “Hypnotherapy” (Hipnoterapia)6 .
Provavelmente, um dos aspectos mais importantes do legado de Dave Elman foi o seu método de indução, que originalmente foi construído para realizar a hipnose de um modo rápido e depois adaptada para o uso de profissionais médicos; os seus discípulos rotineiramente obtinham estados hipnóticos adequados para procedimentos médicos ou cirúrgicos em menos de três minutos. Seu livro e suas gravações deixaram muito mais que somente sua técnica de indução rápida. A primeira cirurgia cardíaca de tórax aberto utilizando somente hipnose no lugar de uma anestesia (por causa de vários problemas severos do paciente) foi conduzida por seus estudantes, tendo Dave Elman como orientador na sala de cirurgia.
Milton Erickson
Milton Erickson (1901-1980), psiquiatra norte-americano, especializado em terapia familiar e hipnose. Fundou a American Society of Clinical Hypnosis e foi um dos hipnoterapeutas mais influentes no pós-guerra. Ele publicou vários livros e artigos científicos na área. Durante a década de 1960, Erickson popularizou um novo tipo de hipnoterapia, conhecida como hipnose ericksoniana, caracterizada principalmente por sugestão indireta, "metáforas" (na realidade, analogias), técnicas de confusão, e duplo vínculos no lugar de uma indução hipnótica clássica.
Enquanto a hipnose clássica é direta e autoritária, e muitas vezes encontra resistência do paciente, a forma que Erickson apresentou é permissiva e indireta.9 Por exemplo, se na hipnose clássica é utilizado na indução "Você está entrando agora em um transe hipnótico", na hipnose ericksoniana a indução seria utilizada na forma "você pode aprender confortavelmente como entrar em um transe hipnótico". Desta forma, dá a oportunidade ao paciente a aceitar as sugestões com as quais se sentirão mais confortáveis, no seu próprio ritmo, e com consciência dos benefícios. A pessoa a ser hipnotizada sabe que não está sendo coagida, tomando para si a responsabilidade e a participação na sua própria transformação. Como a indução se dá durante uma conversa normal, a hipnose ericksoniana também é chamada de hipnose conversacional.
Erickson insistia que não era possível instruir conscientemente a mente inconsciente, e que sugestões autoritárias seriam muito mais prováveis de obter resistência. A mente inconsciente responderia a aberturas, oportunidades, metáforas, símbolos e contradições. A sugestão hipnótica eficaz, então, seria "artisticamente vaga", deixando a oportunidade para que o hipnotizado possa preencher as lacunas com seu próprio entendimento inconsciente - mesmo que eles não percebam conscientemente o que está acontecendo. Um hipnoterapeuta habilidoso constrói essas lacunas nos significados de modo que melhor se adequa para cada indivíduo - de uma forma que tem a maior probabilidade de produzir o estado de mudança desejado.
Por exemplo, a frase autoritária "você vai deixar de fumar" teria uma menor probabilidade de atingir o inconsciente que "você pode se tornar um não-fumante". A primeira é um comando direto, para ser obedecido ou ignorado (e observe que ela chama a atenção para o ato de fumar), a segunda é um convite aberto para uma mudança permanente e possível, sem pressão, e que é menos provável de encontrar resistência.
Richard Bandler e John Grinder identificaram esse tipo de linguagem "artisticamente vaga" como uma característica do seu 'Milton Model', como uma tentativa sistemática de codificar os padrões de linguagem de Erickson.
"Eu digo isso não porque este livro é sobre minhas técnicas hipnóticas, mas porque já passa da hora de entender que a necessidade de reconhecer que uma comunicação com sentido pleno necessita substituir verborréias repetitivas, sugestões diretas e comandos autoritários" - Milton Erickson.
Conceitos de hipnose
Segundo Milton H. Erickson:
“Suscetibilidade ampliada para a região das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento apropriado.”
Segundo a American Psychological Association — (1993):
“A hipnose é um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde, sugere que um cliente, paciente ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento.”
Segundo os psicólogos Clystine Abram e Gil Gomes:
“A hipnose é um estado de concentração focalizada que permite acessar as estruturas cognitivas, os pensamentos e as crenças, identificando os sentimentos que estão relacionados a essa forma de processar os estímulos percebidos. Adequando o processamento das percepções e absorvendo o que é sugestionado.”
Segundo o psicólogo e especialista em Hipnose, Odair J. Comin:
“A hipnose é um conjunto de fenômenos específicos e naturais da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos quanto psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou autoinduzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não.”
Segundo o Dr. Sydney James Van Pelt — (1949):
“Hipnose é uma super concentração da mente. Normalmente a mente se ocupa de vários estímulos ao mesmo tempo; no estado de hipnose, a concentração se dá apenas em uma única coisa, mas em um grau mais elevado do que o estado
comumCompetência, método e técnica em hipnose
Método refere-se ao caminho utilizado por um sujeito para alcançar dado objeto; técnica, ao instrumento utilizado para esse fim
Quanto ao método, é essencial que o hipnotizador estabeleça estreito vínculo de confiança com o intencionado a ser hipnotizado. Assim, a empatia entre ambos é, em realidade, o caminho através do qual a(s) técnica(s) poderá(ao) ser aplicada(s).Conquanto psicólogos e médicos hipnoterapeutas possam reivindicar exclusividade em tal domínio, é também verdadeiro que hipnotizadores leigos podem desenvolver as habilidades de hipnose com perfeito sucesso em praticamente todas as áreas.
É de se observar que países diferentes tratam diferentemente a matéria. Na Inglaterra e em muitos países europeus, não é exigida essa formação pregressa para que o hipnotizador exerça efetivamente a hipnoterapia: basta que, submetido, a uma banca examinadora competente, comprove ser capacitado para tal. Nos Estados Unidos a profissão de hipnoterapeuta está registrada no catálogo federal de ocupações há mais de 30 anos, sendo que profissionais não formados nas áreas de medicina ou psicologia trabalham apenas com mudanças vocacionais e avocacionais, podendo, sob recomendação, auxiliar em tratamentos médicos e psicológicos através da hipnoterapia. No Brasil a hipnose é uma técnica de livre exercício.
Há todo um conjunto de técnicas desenvolvidas para levar o paciente a experimentar tal estado especial, entre elas:
Características do estado hipnótico
Transe hipnótico não é inconsciência
Embora durante a indução hipnótica frequentemente se utilizem expressões como “durma” e “sono”, tal é feito porque tais palavras criam a disposição correta para o aparecimento do transe. Não significam, em absoluto, ingresso em estado inconsciente.
Traçados eletroencefalográficos de pacientes em transe, mesmo profundo, aparentemente adormecidos, revelam ondas alfa características do estado de vigília em relaxamento.
O paciente em transe percebe claramente o que ocorre à sua volta, e pode relatá-lo.
A parte mais importante da indução hipnótica se denomina rapport, que pode ser definido como uma relação de confiança e cooperação entre o hipnólogo e o paciente. Qualquer violação desta relação com sugestões ofensivas à integridade do paciente resultaria em interrupção imediata e voluntária do estado de transe por parte do mesmo. Infundado, portanto, o temor de revelar segredos contra a vontade ou praticar atos indesejados. Da mesma forma, a crença de que se pode morrer em transe, ou não mais acordar é meramente folclórica e não corresponde à realidade. Um paciente “esquecido” pelo hipnólogo sairia espontaneamente do transe ou passaria deste para sono fisiológico em poucos minutos.
Auto-hipnose
Na verdade o paciente não é propriamente hipnotizado, mas antes ensinado a desenvolver o estado de transe hipnótico. Tal só poderá ser realizado com seu consentimento e participação ativa e interessada nos exercícios propostos. A velocidade do aprendizado e os fenômenos que podem ou não ser desencadeados variam de pessoa para pessoa. O treinamento é composto de uma série de exercícios que vão aperfeiçoando a capacidade do indivíduo de aprofundar a sua experiência hipnótica.
Hipnoterapia: aplicações
Tratamento de doenças orgânicas e funcionais
Há um número muito grande de doenças em que não existe lesão ou comprometimento da estrutura de determinado órgão. Estas doenças são conhecidas como doenças funcionais, e nesse grupo de patologias a hipnose, assim como o efeito placebo, obtém excelentes resultados.
Como exemplos de disfunções, citam-se:
Em todas as outras doenças, hipnose também é indicada, podendo auxiliar quer no manejo dos sintomas desagradáveis ou ainda potencializando ou provendo os recursos de cura do próprio paciente.
Sabe-se hoje da íntima relação do sistema imunológico e fatores emocionais. A prática da hipnose pode predispor o organismo como um todo para a cura ou manutenção da saúde.
Obviamente não se indica a hipnose como tratamento isolado ou principal para doenças graves como o câncer. O paciente portador de câncer, entretanto, que receber treinamento em hipnose, pode precisar de menores doses de medicação analgésica, controlar melhor os efeitos adversos do tratamento quimioterápico e radioterápico, ter melhor apetite e disposição geral, além de uma postura mais positiva frente à doença e seu tratamento.
Entrevistas com Dr Luciano sobre o assunto:
Entrevista na Folha de São Paulo Hipnose e Ufologia |
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Arquivo Pessoal |
A hipnose --uma espécie de estado mental induzido-- é famosa graças às apresentações realizadas com a finalidade de entretenimento. Porém, se não for realizada por um especialista, é considerada exercício ilegal da medicina.
O tratamento hipnótico só pode ser indicado por um perito da área. Um paciente não deve exigir o método terapêutico, assim como não impõe ao médico a prescrição de morfina.
Alguns dos supostos abduzidos apresentam estresse pós-traumático e podem ter passado por alguma experiência violenta.Em entrevista para a Livraria da Folha, Stancka disse que o tratamento ajuda em alguns casos, mas ressalta que a hipnose pode induzir a invenção de histórias complexas sobre experiências jamais vividas.
Como a psiquiatria pode ajudar em pesquisa ufológica |
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Entrevista publicada na Revista Ufo
Em nosso país, o emprego da psicologia e psiquiatria na investigação ufológica ainda é embrionário, ao contrário dos Estados Unidos, onde já são empregadas há décadas. Mas o avanço da associação da Ufologia com tais disciplinas aumenta rapidamente com a adesão de um número crescente de profissionais destas áreas, que passam a encarar o assunto com a seriedade que ele exige. Entre os pioneiros a fazê-lo está o médico psicossomático, acupunturista e hipnólogo, Luciano Stancka e Silva, que trabalha na Clínica Hiperbárica de São Paulo e exerce suas atividades em consultório particular na capital paulista. Luciano é consultor de UFO há mais de 10 anos e já tratou de várias testemunhas de manifestações ufológicas – algumas das quais se diziam abduzidas. Estas tinham sintomas clínicos e psicológicos relevantes, que comprometiam a normalidade de seu dia-a-dia. Seu trabalho é reconhecido em todo o país e tem proporcionado subsídios à compreensão dos mecanismos de interação de UFOs com as pessoas.“A psiquiatria tem boas ferramentas para lidar com a casuística ufológica, mas seu uso deve ser responsável. Especialmente no caso de tratamentos a pessoas traumatizadas após experiências marcantes”, afirma Luciano. Ele é o nosso entrevistado da edição 94 de UFO. UFO — Como exatamente a psicanálise pode ajudar na compreensão dos mecanismos de contato entre seres humanos e extraterrestres? STANCKA — Psicanálise é a parte da psicologia que, através de métodos de investigação e análise, procura descobrir no inconsciente das pessoas as tendências, desejos e manifestações que perturbam suas mentes, trazendo à luz da consciência esses fatores perturbadores e revelando-os para que possam ser tratados com a psicoterapia. Como é um método tradicional de estudo e tratamento de distúrbios psíquicos e traumáticos, a psicanálise pode ser um instrumento de ajuda na compreensão e atenuação da situação inusitada vivida pelo indivíduo abduzido, que se sente inseguro e invadido, que apresenta sonhos desconexos e aterrorizantes – além de manifestações físicas desagradáveis, como enjôo, diarréia, vertigens, tonturas, sensações de calor, frio, formigamento, lapsos de memória etc, muito comuns a experiências do gênero. UFO — Como funciona o procedimento médico em casos em que há suspeita de abdução por extraterrestres?
UFO — Quer dizer que o tratamento de um possível abduzido é basicamente idêntico ao que se aplica a um paciente que chega ao seu consultório com histórico de distúrbio psiquiátrico? STANCKA — Praticamente sim. Porque se trata de um ser humano necessitando de auxílio e a conduta médica é padrão. Inclusive, registramos muito mais dados sobre o paciente, como seus antecedentes familiares, por exemplo. Se ele tem algum membro diabético ou hipertenso na família, se seus filhos são saudáveis, coisas assim. Tudo ajuda a determinar um quadro clínico. Precisamos saber o máximo sobre a pessoa, desde as questões mais simples até as mais complexas. UFO — E qual é o passo seguinte, então? STANCKA — É o interrogatório psíquico. Nessa fase da anamnese observamos a aparência geral do paciente, seu modo de andar, postura, fala, vestimenta, expressão facial, idade aparente, atividade motora e sua atitude em relação ao examinador, que anota suas impressões. Também se avalia o estado de afeto ou humor do paciente, sua expressão geral, tendências e pensamento. É importante saber se o paciente tem algum tipo de bloqueio ou preocupações incomuns, se demonstra ter idéias delirantes ou crenças fixas, ou ainda se sente controlado por forças estranhas. Fazemos isso em pacientes comuns e pacientes “ufológicos”. UFO — Algum sintoma em especial pode chamar a atenção do médico? STANCKA — Tudo tem que ser levado em consideração e examinado. O que pode parecer um sintoma para um paciente, pode não ser para outro. Igualmente, coisas comuns a muitas pessoas têm interpretações diferentes de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, se tem medo do escuro e dorme de luz acesa, se tem sonhos freqüentes e repetitivos, se acordam subitamente à noite com pesadelos e se esses fatos, quando se dão, ocasionam reações físicas, tais como fome, diarréia, marcas no corpo, hemorragias etc. UFO — Você já tratou vários casos de pessoas que adquiriram algum tipo de trauma decorrente de encontros com alienígenas. Você vê risco nestas experiências?
UFO — Há diferenças entre os abduzidos clássicos daqueles indivíduos que julgam estar em contato permanente com ETs? STANCKA — Na grande maioria dos casos, sim. Esses supostos contatados se sentem “escolhidos” pelos seres extraterrestres e não apresentam os sintomas físicos descritos. Mas demonstram uma grande insistência em impor suas convicções aos outros. Alguns chegam a abandonar suas antigas religiões e passam a ser pregadores de uma nova era. O risco é de que essas pessoas não consigam se adaptar a sua nova forma de vida, alienando-se. Daí perdem seus amigos, empregos e até mesmo a família por causa dessas novas convicções. Pesquisei um caso assim, de um guarda noturno de Rondonópolis (MT) que, após ver uma luz muito forte, passou a se sentir conhecedor de grandes segredos e a acreditar ter poderes que ninguém mais tinha. Só que esses poderes, na prática, não existiam e os tais conhecimentos nada diziam. Essa experiência o fez batizar seu filho de Ovenis Homis Terraquius. UFO — Você reconhece a hipnose regressiva como um instrumento eficaz de pesquisa de casos de contatos diretos com ETs, em especial as abduções?
UFO — Quer dizer que você vê um risco no uso da técnica para fins ufológicos? STANCKA — É importante que saibamos que nós somos seres complexos e a ciência médica, com os últimos estudos nas áreas da psicologia, psiquiatria e mais recentemente a neuropsiquiatria, vem apresentando novas e importantes descobertas sobre a mente humana, que revolucionam o que se sabia. Para isso, a medicina conta com um arsenal tecnológico que possibilita investigar a mente com aparelhos de última geração e medir, mensurar, o tipo de distúrbio que o cérebro de um indivíduo vem apresentando. Temos hoje modernos eletroencefalógrafos, aparelhos para mapeamento e escaneamento cerebral, além de ressonância magnética etc, que nos possibilitam, com pequenas chances de erro, saber o tipo de problema que a mente humana vem apresentando. Esses avanços também podem determinar se um dado distúrbio numa pessoa é decorrente de algo natural ou de uma abdução por aliens. UFO — Ainda assim, o uso da hipnose pode ser validado na pesquisa ufológica? STANCKA — Claro, mas com cautela. Veja que a hipnose é uma técnica terapêutica anterior ao conhecimento atual, usada por toda a Antigüidade. Há provas de que os egípcios, assírios, babilônios, romanos, astecas e maias já a utilizavam para tratar doentes. No Egito, por exemplo, existiam os “templos dos sonhos”, onde se aplicavam aos pacientes sugestões terapêuticas enquanto dormiam. Os gregos realizavam peregrinações a Epidaurus, onde se encontrava o templo do deus da medicina, Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, que invocavam alucinatoriamente a presença de sua divindade para indicar os possíveis métodos de cura. Portanto, hipnose não é propriamente uma novidade, nem mesmo para a Ufologia, que vem usando a técnica há três ou quatro décadas. Mas tal uso deve ser muito bem controlado. UFO — A hipnose pode induzir o paciente a criar fenômenos ufológicos?
UFO — A hipnose pode ser uma forma de se sugestionar um indivíduo? STANCKA — Sim, pode. Contrariamente ao que ensinam os livros populares, a fé inabalável no hipnotismo e a forte vontade não constituem atributos fundamentais e diretos do hipnotizador, mas sim do paciente. A experiência mostra que os melhores pacientes são precisamente os tipos impulsivos, os voluntariosos. Em suma, são pessoas de muita vontade ou vontade forte. O especialista Howard Warren definiu a hipnose como “um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém distinto do mesmo e tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória”. Isso quase equivale a dizer que a hipnose é, antes de qualquer coisa, do princípio ao fim, sugestão. UFO — Como estão os estudos acerca da técnica hipnótica, hoje? STANCKA — Atualmente, dividimos os estágios hipnóticos em cinco fases. Na fase chamada insuscetível o indivíduo não apresenta características hipnóticas de espécie alguma. Já na seguinte, a hipnoidal, ele demonstra relaxamento muscular, expressão de cansaço e freqüentemente um tremor nas pálpebras, além de contrações espasmódicas nos cantos da boca. Há em seguida o chamado transe ligeiro, que é o terceiro estágio. Nesse momento, o hipnotizado sente os membros pesados e o corpo todo apresenta uma alienação da realidade, embora a mente conserve ainda plena consciência de tudo que se passa ao redor. O indivíduo pode apresentar rigidez cataléptica em olhos e membros, e demonstra pouca inclinação a falar. Tem ainda tendência a responder as perguntas com movimentos da cabeça ou da mão, pois já não quer se mover ou mudar de posição. UFO — O que vem a seguir nesse processo? STANCKA — Bem, depois vem uma parte muito usada na pesquisa ufológica, que é o quarto estágio, o do transe médio, quando o indivíduo ainda pode conservar alguma consciência. Mas agora é que podemos dizer que está hipnotizado de fato e não resiste mais às sugestões, salvo aquelas contra seu código moral ou interesses vitais. Nessa altura há a catalepsia completa dos membros e do corpo, amnésia parcial, alucinações motoras e completa inibição muscular. Nesse estágio, por exemplo, um médico já consegue analgesia [Anestesia] no paciente e nele podem ser feitas pequenas cirurgias. Daí, chegamos finalmente ao transe profundo, o último estágio. Este é o verdadeiro estado hipnótico. Agora o paciente aceita sugestões pós-hipnóticas por mais bizarras que sejam. Em transe profundo se pode mandar o hipnotizado abrir os olhos sem prejuízo do procedimento. UFO — É nesse estágio que podem ser reveladas experiências ufológicas ocultas na mente do paciente?
UFO — É aí que a Ufologia se “apropria” da técnica para seus fins? STANCKA — Sim, a partir desse estágio, quando a pessoa está plenamente hipnotizada, é que se começa a reconstituição dos fatos relativos a uma eventual abdução. A certeza de que o indivíduo está mesmo em transe profundo advém da observação constante e cuidadosa de muitos fatores físicos. Ainda nessa fase há diminuição do pulso e da pressão da pessoa, suas extremidades dos pés e mãos ficam mais frias e ela apresenta hipermnesia, que é a lembrança de coisas esquecidas de seu passado. Alucinações visuais e auditivas também são freqüentes quando se chega nesse ponto, como a possibilidade de regressão de memória. A partir desses parâmetros clínicos podemos dar credibilidade a hipnose, devendo a mesma ser repetida em algumas sessões para que, aí sim, tenhamos realmente informações com consistência. UFO — Há risco para os resultados de uma pesquisa se esses requisitos não forem totalmente atendidos?
UFO — Essa falha na condução das sessões de hipnose se aplica a ufólogos, também? STANCKA — Certamente! Isso inclui muitos ufólogos também, que na ânsia de pesquisar casos impactantes e depois terem algo “quente” para divulgar, acabam por induzir testemunhas a abandonar suas próprias idéias e convicções e a crer terem passado por uma abdução. Isso é o que chamamos de “síndrome da falsa memória”. Algo muito similar ocorre na “síndrome do feto desaparecido”, que atinge mulheres que sofrem intensas pressões sociais e familiares. Elas, na luta por uma posição privilegiada na sociedade, competindo lado-a-lado com o homem pelo mercado de trabalho, vivem quadros de tensão, estresse e alterações que aumentam a produção de hormônios que inibem a fertilidade, como a prolactina. E por mais que tentem engravidar, não apresentam condições hormonais para isso. Em casos graves, algumas mulheres entendem seus atrasos menstruais como gravidez. Mas após um período de semanas ou meses, há uma melhora do quadro hormonal, vem a menstruação e elas crêem que tiveram um aborto. Aplicando esse quadro à Ufologia, temos casos de mulheres suscetíveis que imaginam ter sido abduzidas e engravidadas por ETs, que vêm a perder seus fetos após apenas alguns meses de gestação. E o que ajuda esse quadro a se agravar são filmes de abduções, leitura de obras de ficção científica, a pregação de ditos contatados etc. UFO — Suas informações contrariam muitos estudiosos. Servem de alerta para evitar exageros? STANCKA — Sim, é um alerta que eu faço aos pesquisadores e grupos de Ufologia, para que, ao depararem com casos de supostas abduções, que necessitem de hipnose regressiva, que busquem a assessoria de profissionais de medicina. Assim como quando os casos ufológicos requerem, deve-se buscar ajuda de especialistas em áreas como astronomia, geologia, biologia etc. Só dessa maneira construiremos uma Ufologia séria e respeitada, feita de pesquisas objetivas e aprofundadas. Sempre digo que a hipnose é excelente para colocar coisas na cabeça das pessoas, mas para retirar informações de lá, essa é outra história... UFO — Como você encara alegações de pessoas que afirmam poder provocar um contato com alienígenas quando querem? Elas devem ser vistas com cautela, investigadas ou ignoradas?
UFO — Essas pessoas representam um risco para a Ufologia, em sua opinião? STANCKA — Claro, elas normalmente não procuram tratamento. Esses indivíduos vêem todos com desconfiança porque, para eles, os demais é que não “entendem sua proposta”, que “não são iluminados”. O mais incrível é que sempre aparecem seguidores desses falsos gurus e compram suas mentiras como grandes verdades. Muitos passam a ter comportamento mitômano, pois também começam a mentir e a viver de suas mentiras, pregando-as a seus conhecidos e até convencendo outros a delas participar. Isso acaba virando uma reação em cadeia que cria novas seitas. UFO — O que você acha dos números apresentados por ufólogos como Budd Hopkins e David Jacobs, cujas pesquisas indicariam que há milhões de pessoas abduzidas em todo o mundo, mas 99% delas não têm conhecimento disso? STANCKA — Acho um grande exagero e até um desserviço para a Ufologia, pois essas afirmações são muito fortes e contundentes. Elas servem para vender livros, fazer filmes e gerar capital. Jacobs, por exemplo, em seu livro A Ameaça [Editora Rosa dos Tempos, 2000], parece ter se baseado no filme Arquivo X. Ele se perde no decurso do livro propondo textualmente o que o filme apresenta: que somos abduzidos para hibridização do ser humano com ETs, e nada podemos fazer contra isso. Jacobs argumenta que esse é nosso destino final, é só uma questão de tempo. Suas opiniões não são consenso na Ufologia Mundial, e são justamente afirmações desse tipo que a imprensa sensacionalista adora usar para tirar a credibilidade do estudo sério da Ufologia. Acho que os ufólogos devem rebater mais essas afirmações e discutir esses temas polêmicos, para não permitir que essas idéias criem mais raízes ou até novas seitas... “A hipnose pode, quando bem aplicada por um profissional, ajudar a combater traumas diversos que uma pessoa apresente, originados por problemas do passado” “A psiquiatria tem boas ferramentas para lidar com a casuística ufológica, mas seu uso deve ser responsável. Especialmente no caso de tratamentos de pessoas traumatizadas” — LUCIANO STANCKA Matéria publicada :
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